sábado, 4 de dezembro de 2010

A "Buenos Aires" por Luís "Sebastião Salgado" Costa... :-)

Pois é! Graças ao colega Luís "Sebastião Salgado" Costa, também conhecido simplesmente por Luís Costa ou simplicissamente por "lukosta", temos hoje no menu nada mais nada menos que as couves da "BuenosAires"!... E o que mais abaixo podem ver!... :-)

Aqui estão elas, em duas poses de 1987!

Mas nem só de couves vivia a "Buenos Aires"!. Também havia por lá uns galinácios!


Para lá chegar era preciso passar por alguns "obstáculos", nomeadamente a entrada e o átrio interior. Aquele era o reino do Sr. Pereira, "contínuo" residente no local e que se pode ver na última foto.



E já agora: não há lá por casa uma caixa com fotos do ISEG de antigamente? Vá lá! Aproveitem o próximo feriado e as férias de Natal para descobrir as preciosidades que andam escondidas. Sigam o exemplo do Luís, a quem se agradece a colaboração. O pagamento de royalties fica para depois...
Aproveitem agora pois é a única oportunidade de ficarem indelevelmente ligados às comemorações dos 100 anos do nosso Instituto...

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Sua Excelência o Sr. Borges Carneiro!

De seu nome completo Manuel Borges Carneiro, é considerado um dos heróis do movimento liberal de 1820. Nasceu em Resende a 2 de Novembro de 1774 e morreu em Oeiras a 4 de Julho de 1833.
A ficha toponímica da Câmara Municipal de Lisboa contém o essencial da vida de Borges Carneiro. Mais informação sobre a sua vida e época pode ser vista aqui.




O nome da rua foi atribuído por decisão da Câmara de Lisboa de 18 d Agosto de 1879, quase meio século depois de ele ter morrido no forte de São Julião da Barra onde se encontrava preso na sequência da subida ao trono do rei (absolutista) D. Miguel.

Na ficha toponímica pode ler-se, nomeadamente:

"Deputado nas Cortes Constituintes, com notável actividade de jurisconsulto, logo se tornou uma das principais figuras do Sinédrio e da revolução liberal. Interveio activamente nas Cortes de 1820 e na preparação da Constituição de 1822, através da qual foram extintas a Inquisição, a Intendência Geral de Polícia, o Tribunal da Inconfidência, a Mesa da Consciência e Ordens, o Desembargo do Paço, a tortura, os direitos banais e as coutadas, os privilégios de foro especial e de aposentadoria e onde se providenciou em relação à Universidade de Coimbra, à Companhia dos Vinhos do Alto Douro, e à agricultura em geral.



Foi demitido pelo golpe da Vilafrancada. Recuperou o seu cargo no Porto, em 1826, e em 1828, em Lisboa. Com a ascensão ao trono de D. Miguel foi preso e veio a morrer no forte de São Julião da Barra, de febre-amarela. "

Fotos antigas (cerca dos anos 60) da Rua Borges Carneiro.

 Prédio na esquina com a Rua do Quelhas, no alto da rua

Vista parcial da rua, sensivelmente a metade superior da mesma

Colégio existente perto do cruzamento com a Calçada da Estrela


Post Scriptum:
Vista actual da primeira e da última foto acima

 Na Obra das Crianças da Freguesia da Lapa o jardim existente na foto mais antiga
 foi "promovido" a cimento armado... C'est la vie!...

domingo, 28 de novembro de 2010

Almeida Brandão? Quem foi?

A rua paralela à "Miguel Lupi" e que, devido ao sentido único do transito, dá acesso ao edifício "Bento de Jesus Caraça" e ao (renovado, melhorado e aumentado) estacionamento do "convento" é a Rua Almeida Brandão, como todos sabem.
Mas afinal quem foi Almeida Brandão? Aliás e de seu nome completo "Manuel Francisco de Almeida Brandão".
Nascido em Beiriz/Póvoa do Varzim/Porto, foi mais um dos "brasileiros" que regressou a Portugal depois de ser comerciante e ter enriquecido na Baía/Brasil. A sua vida decorreu quase toda no séc XIX.
A ficha toponímica da rua publicada pela Câmara Municipal de Lisboa diz-nos o essencial sobre Almeida Brandão.



 Um "sítio" com informações genealógicas acrescenta mais alguma coisa, mas não muito.


sábado, 10 de julho de 2010

Esta é uma "entrada" completamente diferente das anteriores...

... mas dois dias depois de ter terminado o essencial da minha vida de quase 40 anos como docente no ISEG sinto-me no direito de "dar um golpe" na "linha editorial" deste blogue. Desculpem!

Não sou, nunca fui, dado a grandes balanços de vida e a olhares "passadistas" sobre o que fica para trás, preocupando-me sempre mais o amanhã que o ontem. Mas desta vez dei comigo, professor, a pensar em três alunos que, ainda que de formas bem diferentes, deixaram marca em mim. Estes três são apenas o símbolo --- e que símbolo --- de tantos outros que tive e que de uma forma mais ou menos anónima "vieram" e "foram" no ciclo voraz da vida docente, marcada por novas "fornadas" a cada semestre.

Começo por recordar um aluno que tive há muitos anos, tantos que já lhes perdi o conto. A sua "história" ficou marcada em mim não por ser um grande aluno mas sim pela sua "história de vida" e pela força de vontade que demonstrou em estudar.
Já não faço a mínima ideia do seu nome mas lembro-me que vinha todos os dias de Tomar, de combóio. Foi, salvo erro, meu aluno nas aulas da então "Economia I", a cadeira anual do segundo ano e vinha às aulas da tarde, seguindo depois para o seu trabalho noturno: recolher o lixo de Lisboa nas "camionetas do lixo" da Câmara de Lisboa. Depois, de madrugada, apanhava o combóio para ir dormir a Tomar e à hora do almoço voltava para Lisboa a fim de repetir o ciclo de aulas-apanha de lixo-viagem de regresso a Tomar.
Onde quer que ele esteja, tenha ou não acabado o curso (não faço ideia!), aqui vai a minha admiração por ele e pelo seu sacrifício em nome de um ideal: aprender mais!

O segundo aluno que me veio à memória é hoje um dos nossos mais distintos colegas e tem um nome: Álvaro Pina!
Nunca, em tantos anos da profissão, vi um caso de um aluno que conseguiu responder as perguntas dos exames da forma como ele o fazia. Nem um ponto a mais, nem uma vírgula a menos e cada palavra estava no sítio certo, não faltando nenhuma nem estando nenhuma a mais. Simplesmente brilhante.
Mas o malandro fez-me a desfeita de ter deixado uma resposta incompleta e zás! Em vez de lhe dar 20 dei-lhe apenas 19! O que eu me tenho arrependido toda a minha vida! E já lho disse várias vezes: teria sido o único 20 que daria na minha carreira académica. Paciência. Agora já não há nada a fazer... :-(

Finalmente, o terceiro aluno que até é uma aluna. Melhor: é uma MULHER. Com letra grande, sim! Pelo facto de ela ser ainda aluna do Instituto deveria, provavelmente, omitir o seu nome mas como não é todos os dias que nos aparecem MULHERES destas, não resisto.
A Joana --- fiquemos só por aqui mas, como verão, é gato escondido com o rabo de fora --- foi minha aluna dois anos e nunca vi aquela cara sem um sorriso de lado a lado da cara!
A Joana É uma lutadora desde o nascimento, quando esteve morta e "ressuscitou" para a vida mas com danos irreversíveis na zona do cérebro que comanda os movimentos locomotores. Por isso ela tem um andar bastante "desequilibrado". E apesar da sua deficiência motora ela anda sempre de cara alegre, como que agradecendo (a Alguém?) o dom da vida. E anda todos os dias algumas horas em transportes públicos para ir para o ISEG e voltar a casa bem como para se dedicar a algumas outras actividades fora do ISEG. Nomeadamente, visita algumas escolas e fala com alunos para lhes incutir força e o respeito pelos deficientes que optaram por lutar em vez de se apoucarem como se fossem uns coitadinhos.
É esta MULHER-ALUNA que eu vou recordar mais intensamente. Felicidades, Joana!

E por aqui me fico. Comecei e terminei com dois exemplos de lutadores. Claro que não foi por acaso!

Esta é fácil...

Pois é: quase todos (?) sabem quem era esse tal "Miguel [Ângelo] Lupi" que deu o nome a uma das "nossas" ruas.


Pintor do século XIX (1826-1883), ficou especialmente conhecido por um famoso quadro do Rei D. Pedro V.

Miguel Ângelo Lupi
Fonte: aqui

D. Pedro V retratado por Miguel Lupi
Fonte: aqui

"Em 1863 (...)  Miguel Lupi apresentou-se como candidato à cadeira de Pintura Histórica da Academia de Belas Artes de Lisboa, executando para esse concurso a tela, que intitulou Um beijo de Judas. Sendo aprovado, o público culto da capital saudou com verdadeiro entusiasmo a sua nomeação, a 15 de Fevereiro de 1864, para professor interino da instituição. A partir daí poderia, finalmente, entregar-se definitivamente aos estudos da pintura histórica, os quais eram da sua predilecção.
A partir daqui, Miguel Lupi tornou-se o artista predilecto da Burguesia Lisboeta." (Fonte)

Isto mesmo está patente no grande número de retratos de membros da élite portuguesa da época de que são exemplo os quadros abaixo: o do 1º duque de Ávila e Bolama e o do almirante Francisco Ferreira do Amaral.

Fonte: aqui

Fonte: aqui

Para além do edifício "Bento de Jesus Caraça", a rua é caracterizada pela existência de um conjunto de edifícios mais antigos e com algum interesse arquitectónico, alguns deles com painéis de azulejos.




O "edifício da Miguel Lupi", baptizado com o nome de um dos mais ilustres professores do Instituto (Bento de Jesus Caraça), foi adquirido pelo ISEG algures em 1976 (?) para aí instalar parte dos seus serviços e gabinteses de docentes. Sujeito a confirmação, o valor pago pelo edifício terá rondado, na época, os cerca de 50-60 mil contos, o equivalente nos dias de hoje a cerca de 6,5-7 milhões de euros.
Construído de raíz para ser habitação de luxo --- as casas de banho forradas a mármore da Arrábida, entretanto esgotado, aí estão para o demonstrar... ---, ele tinha, naquela época, poucos compradores já que muitos dos potenciais clientes se encontravam então... fugidos no Brasil. Coisas do "Verão Quente" de 1975.

Na época e segundo testemunho obtido há alguns anos --- nomeadamente em conversa com o ex-funcionário/pintor, o sr. José Gomes (cadê ele? quem tem obras dele?) ---, a sua construção já foi cheia de dificuldades por o terreno estar "empapado" de água, eventualmente do lençol que abastecia a fonte que está na escadaria que, da R. Miguel Lupi, leva ao Jardim das Francesinhas.

No edifício funcionaram ao longo do tempo a Secretaria de Alunos (r/c), os serviços administrativos do ISEG (1º andar) e a "sala de revistas" da Biblioteca do ISEG (em zona hoje ocupada pela reprografia).

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Ainda as "Francesinhas"...

Como é sabido, os edifícios novos do ISEG, nomeadamente os dois "Francesinhas", foram construídos em terrenos que reverteram para o Instituto por troca com a "Buenos Aires".
Nesses terrenos existiam instalações da Direcção Geral de Saúde. Uma foto obtida na internet e tirada do ISEG dá uma ideia do aspecto das mesmas.

Antigos edifícios da Direcção Geral de Saúde nas "Francesinhas"
(Fonte: aqui)

Note-se o lado esquerdo da imagem: aí se pode verificar que antes do prédio que está na esquina da R. Miquel Lupi com a Calçada da Estrela havia um espaço vazio.
Outra foto documenta isso mesmo.

R. Miguel Lupi, 14 (antes)

R. Miguel Lupi, 14 (depois; prédio "das embaixadas")

Ainda voltando às "Francesinhas", "entalada" entre os terrenos do ISEG e os da DGSaúde existia um edifício forrado a azulejos (verdes) onde estava instalada a esquadra da polícia que agora se encontra na Travª Miguel Lupi.

Esquadra da PSP (Fonte: aqui)

Este edifício ocupava sensivelmente a zona que agora serve de entrada do ISEG pela Rua das Francesinhas.

E já agora: o que significa "quelhas"? :-)

"A pedido de várias famílias" --- não é, GP?!... ---, incluindo eu próprio que fiquei intrigado com a palavra, aqui vai o significado de "quelha" segundo o Grande Dicionário da Língua Portuguesa (vol IX) coordenado por José Pedro Machado e publicado em 1981 pela Sociedade da Língua Portuguesa através dos Amigos do Livro Editores:

"Quelha s.f. (do lat. canalicula). Calha || Rua estreita, viela || Cano descoberto || Azinhaga || Peça de madeira, que forma ângulo reentrante, nos moinhos de cereais, por onde corre para o olho da mó o grão que sai da tremonha || Ter. de Mouraz. A tremonha do moinho. || Prov. Socalco de terra lavradia. || Prov. trasm. O m. q. quelho

Quelho s.m. Prov. Caleira por onde o grão desce da carreira e que também se chama quelha. || O m.q. beco, viela ou  quelha."

Esclarecido o assunto? Ainda não? Então falta o quê? Saber porque é que o "Quelhas" se chamava "quelhas"? Sei lá!... :-) Será que tinha (ele ou antepassados dele) moinhos? Mistériiioooo! E assim vai ficar! Por mim fica...

Mas já agora vejam aqui informações sobre os moinhos de vento onde a certa altura se fala da dita cuja "quelha":

"A última fase é a ensacagem da farinha.

O cereal, depois de preparado é concentrado num pequeno tegão em madeira que através da vibração produzida pela mó leva à sua queda entre as mós (poiso e andadeira) através do olho da andadeira ou movente, seu esmagamento e consequente saída da farinha por acção da rotação e forma de picagem das mós.
Sobre a andadeira situa-se uma caixa de dimensões médias, com o fundo em forma de tronco de pirâmide invertida e aberta - a moega ou tegão -, onde se deita o grão que vai ser moído. O grão corre da moega até ao olho da andadeira, por onde cai (para ser triturado) por uma calha de madeira inclinada - a quelha -; o regulador da quelha gradua a inclinação desta; e o chamadouro do grão, apoiado sobre a mó, faz vibrar a quelha, provocando e assegurando a saída e a queda ininterrupta do grão no olho da mó."

Fim!

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Porquê "Rua do Quelhas"?

Já que somos a "Escola do Quelhas"... quem sabe quem era o Quelhas que deu nome à rua? Qual a origem do nome da Rua do Quelhas?
Os serviços de toponímia da Câmara Municipal de Lisboa têm um "sítio" que ajuda a desvendar o "mistério" --- pelo menos para mim era até há meia hora atrás :-)
O melhor mesmo é, em vez de me pôr aqui a prosapiar, "citar" directamente a fonte. Ora vejam a imagem abaixo, ampliando-a para a tornar (mais) legível. SFF...


E esta, hem?!...

sexta-feira, 2 de julho de 2010

A "Buenos Aires"

Face ao aumento da sua população escolar, o ISEG --- então ISCEF-Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras --- começou a estar "apertado" dentro do "convento". Foi assim que, no início dos anos 70 e aproveitando o facto de o Instituto Industrial de Lisboa ter abandonado as suas (quase decrépitas...) instalações na Rua de Buenos Aires para se instalar no seu actual edifício na Avª Marechal Gomes da Costa, o Instituto conseguiu tomar posse do que passou a chamar-se o "Anexo" ou "a Buenos Aires".

Fonte: aqui

O edifício, o antigo palácio dos Viscondes dos Olivais reedificado em 1860, tinha muitas salas mas a maior parte com muito poucas condições de utilização e só algumas obras "para remediar" o tornaram minimamente "habitável". Desde 1916 que abrigava o Instituto Industrial, qua ali se manteve até cerca de 1970.
Algumas dessas salas tinham algum interesse, nomeadamente a "Sala dos Espelhos", que deverá ter sido o salão principal da casa.
A "Buenos Aires" ficou também conhecida pelas "voltas e voltinhas" que se tinham de fazer dentro do edifício para alcançar as salas de aula dos pisos mais altos, o que exigia subir vários lanços de escadas estreitas.
Mas havia duas outras características emblemáticas das instalações: os "combóios" e... as "couves"!
Os primeiros eram umas salas pré-fabricadas, as maiores das instalações, onde, no inverno se gelava devido ao frio. As segundas eram, afinal, uma parte do vasto quintal onde um funcionário residente tinha uma abundante plantação das ditas cujas, quase todas do tipo "couve galega" ou "portuguesa", com o seu caraterístico tronco alto.

Foi aproveitando parte das "couves" e do parque de estacionamento que o ISEG, já nos anos 90, construíu, de raiz, um edifício com várias salas de aulas.
Este acabou por ser usado relativamente poucos anos pois entretanto houve a decisão de trocar as instalações da "Buenos Aires" com a Direcção Geral de Saúde. Esta ocupava então os terrenos onde estão agora instalados os novos edifícios do ISEG com construções vocacionadas principalmente para a aplicação de vacinas de vários tipos, particularmente as mais comuns em países tropicais e que eram obrigatórias para quem se deslocava para as ex-colónias portuguesas (vacina contra a febre amarela, etc).

Depois de alguns anos sem re-visitar a "Buenos Aires" passei por lá há dias para fotografar o edifício a fim de ilustrar este blogue. Qual não foi o meu espanto quando dei com um edifício "entaipado", parcialmente "destruído" e com um enorme letreiro onde se lê "Buenos Aires Palace"!



A "Buenos Aires" tinha sido apanhada pela especulação imobiliária e agora vai "virar" um condomínio de habitação de luxo. Os construtores vão preservar apenas alguns "panos" da fachada e incorporá-los na do edifício em construção. O "miolo" do palácio desapareceu todo já que era impossível aproveitá-lo.




Post scriptum:
O Gouveia Pinto teve a amabilidade de me enviar uma nota com uma precisão importante: o "combóio" era uma sala paralela ao edifício principal que se situava no fim de um "corredor" ladeado por duas outras construções com salas --- era também a estas que eu me referia ao usar o plural "combóios".
Citando-o parcialmente:
"Na Buenos Aires não havia comboios mas sim um comboio. Era um pré-fabricado que comprido (daí o nome) que se situava ao fundo do “jardim” (ou quintal?) paralelo ao edifício principal. Era muito velho com telhado de zinco e paredes de contraplacado. No verão comparava-se (com vantagem considerando os objectivos da PIDE) com a frigideira do Tarrafal e no Inverno fazia tanto frio que dois aquecedores não eram suficientes para aquecer o pessoal, mesmo com os casacos vestidos. "

Obrigado, Gouveia Pinto. E já agora: venham de lá as vossas memórias para ir animando isto... :-) Quem tem fotos dos "amigáveis", por exemplo?

terça-feira, 29 de junho de 2010

O nosso vizinho da frente: o Palácio do Machadinho

A preocupação em "alimentar" este blogue tem resultado num "ver com olhos de ver" o "mundo" que nos (ISEG) rodeia. Isto é particularmente verdade para o nosso "vizinho" da frente --- relativamente à entrada principal do Instituto, a da Rua do Quelhas.

Pois então não querem saber que só ao fim de 43 anos a andar por estas bandas é que fui espreitar a casa do "vizinho"? Eu sei que uma boa parte das culpas nem são minhas mas sim do facto de, principalmente depois das obras de expansão do ISEG, ele se ter virado principalmente para a sua "porta das traseiras" --- o portão do parque de estacionamento da R. Miguel Lupi --- e para a "porta lateral" --- a da R. das Francesinhas. A "porta de honra", a da Rua do Quelhas, ficou assim votada a uma quase "vã e vil tristeza" devido à sua (relativamente) pequena utilização como meio de acesso ao conjunto de edifícios do ISEG.

Quando saímos por esta a primeira visão é a de um pequeno jardim que, contrariamente ao que se poderia pensar, não é da entrada principal da casa do "vizinho" mas sim a porta do seu quintal.
A entrada principal da casa está na Rua do Machadinho, que começa à direita (para quem desce) da esquina em que a Rua do Quelhas "vira" para a Rua das Francesinhas.



Este palácio, que alberga actualmente os serviços de acção social da Câmara Municipal de Lisboa, é o resultado de uma profunda remodelação que lhe foi introduzida na segunda metade do séc. XVIII por José Machado Pinto, então fidalgo da casa real (Fonte: ver aqui). 

Placa no exterior da porta principal

Porta principal do Palácio do Machadinho

O palácio, onde viveu o poeta António Feliciano de Castilho, foi escohido pela Câmara de Lisboa para integrar um grupo de outros palácios que ela tem mas que pretende vender para transformar em (pequenos) "hotéis de charme".




À opção não será estranha, como se salienta no documento acima da própria CML, o facto de ele ter no seu interior alguma riqueza em azulejos, como os retratados abaixo e que ajudam a compor a decoração da entrada do palácio.

Fonte da foto aqui

O Palácio do Machadinho é a única peça arquitectónica relevante da Rua do Machadinho, onde se situa, a qual tomou o nome (em 1805) devido à presença do palácio. Anteriormente chamava-se Rua do Arcipestre.

Bibliografia: ver aqui

domingo, 27 de junho de 2010

Madragoa, a nossa vizinha da frente...

A entrada principal do ISEG está "cheek to cheek" com o bairro da Madragoa.


Há várias versões sobre a origem do nome do bairro. Alguns dizem que o nome provém da corruptela de "Madres de Goa" devido à presença na zona de um convento com esta designação. O nome está na origem do de um bar-restaurante na Rua dos Industriais.

"À beira do Tejo, Madragoa sempre foi um local de cruzamento de raças e culturas diferentes, sem distinção, albergava os negros que amanhavam os campos e dava abrigo aos pescadores que fainavam no rio, e, na memória dos mais velhos, ainda ecoa o pregão das varinas.
 A lenda conta que o bairro nasceu dos milhares de grãos de areia que as gaivotas transportaram para ali. A origem do nome perde-se no tempo. Há quem afirme que a palavra corresponde ao apelido de uma fidalga madeirense "Mandragam" ou que vem de "Madre de Goa". Antes do terramoto, no século XVII, o bairro tinha o nome de "Moçambo" e não era mais do que uma pequena póvoa habitada essencialmente por pessoas de origem africana.


No passado, parte da Madragoa foi um aglomerado de conventos e palácios, onde viveram as Trinas, as Bernardas ou as Inglezinhas. Mas foram os trabalhadores que deram vida ao bairro. Entre os séculos XVlll e XlX, a população sofreu grandes alterações. Nessa altura, veio para Lisboa muita gente da região da ria de Aveiro, em especial de Ovar, daí o nome ovarinas. Comercializavam legumes frescos e peixe. Posteriormente, grande parte destas pessoas optou por ficar na Madragoa. Na maioria, eram casais de pescadores e varinas. Era habitual ouvi-las apregoarem o peixe de canastra à cabeça." (Fonte: aqui)

No final dos anos 60 ainda era possível ouvir os seus pregões.
As características "populares" do bairro ainda se mantêm e são um dos seus principais traços.

Rua na Madragoa: Travessa do Pasteleiro.
Dela diziam em tempos alguns "provocadores
que o mais difícil para tirar um curso no ISEG
era subir a Travessa do Pasteleiro.

Sem legenda...

Rua da Bela Vista

"Fora das muralhas da cidade, para quem seguia das Portas de Santa Catarina em direcção a Belém, surgia no século XVI, em plena dominação filipina, um bairro de negros que tomou a designação de Mocambo que remete para as suas origens africanas.
Em redor, situavam-se entre outros os palácios dos duques de Aveiro e dos marqueses de Abrantes, o Paço Real de Santos onde actualmente se encontra a embaixada de França, os conventos das Bernardas, das Inglesinhas e das Trinas do Mocambo e a modesta e antiquíssima capela dos Santos Mártires – Máximo, Veríssimo e Júlia – que vieram dar origem à designação da Freguesia de Santos-O-Velho.
O rio Tejo banhava então a praia onde, no início do século passado, foi construído o aterro e posteriormente transformado num dos mais importantes eixos viários da cidade. [...]
Ainda escassamente urbanizada, o terramoto de 1755 não atingiu particularmente a localidade para além de algumas derrocadas registadas no Convento das Bernardas e no Palácio dos Duques de Aveiro. Mas, foi sobretudo a catástrofe então vivida que veio a determinar o crescimento urbano da área ocidental de Lisboa. As classes mais abastadas abandonavam o centro da cidade então em ruínas e transferiam-se para Santos-o-Velho e faziam nascer um novo bairro na chamada Lapa aristocrática, enquanto o Convento das Trinas loteava os terrenos, vendendo-os a preço mais reduzido e dando assim origem ao bairro popular da Lapa, desde o Mocambo ao sítio da Bela Vista." (Fonte: ver aqui, sff)


E mais adiante a fonte agora utilizada diz o seguinte:

"À medida que a colónia ovarina [i.e, da região de Ovar; de "ovarina" derivou a palavra "varina"] foi crescendo em número, os negros que habitavam o bairro foram desaparecendo até que, no século XIX, o antigo topónimo foi abandonado e substituído pela sua actual designação [Madragoa], tomada da antiga rua da Madragoa, actualmente denominada por rua do Vicente Borga [*]. Quanto à origem do topónimo Madragoa persistem várias interpretações, não sendo ainda ponto assente o seu significado.


E, a gente vareira que passou a dominar por completo aquele típico bairro lisboeta, conferiu-lhe uma forma peculiar de vivência marcada pelos jeitos graciosos das suas varinas de canastra de peixe à cabeça e os pregões que [lhes são] característicos. A vizinhança mantém a proximidade que caracteriza os bairros piscatórios e, bem no centro do bairro, na taberna que foi da Maria Barbuda e onde nasceu Maria Honofriana Severa, a fadista que se tornou uma lenda do fado [...]"

Fonte da foto: ver aqui

* (nota): O nome Vicente Borga tem origem na corruptela de Vicente Borchers, um negociante alemão que morou nesta antiga Rua da Madragoa após ter casado com Maria Clara Sousa Peres, no séc. XVIII.

sábado, 26 de junho de 2010

"ISEG et ses environs" é aqui!...

Alguns perguntarão o porquê do título deste blogue: "ISEG et ses environs" ("ISEG e seus arredores"). A explicação é simples mas, reconheço, algo pessoal.
"Menino e moço" e "Gémeos", o gosto pelo conhecimento e o contacto com "o outro" --- que é, até, responsável pelo meu percurso de vida pessoal e académico --- traduzia-se em viajar nos mapas e em ver os anúncios de excursões, à época realizadas principalmente de autocarro por essa Europa fora. Sobrinho de uma tia solteirona e viajada, deliciava-me a ver os seus postais de viagem e os catálogos das agências: "Paris et ses environs", "Vale du Loire et ses environs", etc., foram frases que povoaram a minha infância e juventude.

A ideia de não restringir o blogue ao ISEG e suas instalações deriva do facto de acreditar que muitos de nós e, creio, principalmente dos nossos alunos, terem um conhecimento relativamente limitado do que é a região onde se insere o Instituto. Daí que tenha decidido dar a conhecer --- ao mesmo tempo que eu próprio conhecia melhor... --- a região que abriga a nossa "casa".

Zona de forte concentração de antigos conventos (das Inglesinhas, das Francesinhas, de São Bento, das Bernardas, das Trinas, da Esperança), o ISEG está como que numa zona de charneira entre bairros de características sociológicas e económicas bem diversas como são a Madragoa vs. Lapa ou, mesmo as "Cortes"/São Bento e, um pouco mais longe, Estrela e Campo de Ourique. São estes os nossos "environs" que iremos perscrutar aqui e daqui.

Os claustros do ISEG