terça-feira, 29 de junho de 2010

O nosso vizinho da frente: o Palácio do Machadinho

A preocupação em "alimentar" este blogue tem resultado num "ver com olhos de ver" o "mundo" que nos (ISEG) rodeia. Isto é particularmente verdade para o nosso "vizinho" da frente --- relativamente à entrada principal do Instituto, a da Rua do Quelhas.

Pois então não querem saber que só ao fim de 43 anos a andar por estas bandas é que fui espreitar a casa do "vizinho"? Eu sei que uma boa parte das culpas nem são minhas mas sim do facto de, principalmente depois das obras de expansão do ISEG, ele se ter virado principalmente para a sua "porta das traseiras" --- o portão do parque de estacionamento da R. Miguel Lupi --- e para a "porta lateral" --- a da R. das Francesinhas. A "porta de honra", a da Rua do Quelhas, ficou assim votada a uma quase "vã e vil tristeza" devido à sua (relativamente) pequena utilização como meio de acesso ao conjunto de edifícios do ISEG.

Quando saímos por esta a primeira visão é a de um pequeno jardim que, contrariamente ao que se poderia pensar, não é da entrada principal da casa do "vizinho" mas sim a porta do seu quintal.
A entrada principal da casa está na Rua do Machadinho, que começa à direita (para quem desce) da esquina em que a Rua do Quelhas "vira" para a Rua das Francesinhas.



Este palácio, que alberga actualmente os serviços de acção social da Câmara Municipal de Lisboa, é o resultado de uma profunda remodelação que lhe foi introduzida na segunda metade do séc. XVIII por José Machado Pinto, então fidalgo da casa real (Fonte: ver aqui). 

Placa no exterior da porta principal

Porta principal do Palácio do Machadinho

O palácio, onde viveu o poeta António Feliciano de Castilho, foi escohido pela Câmara de Lisboa para integrar um grupo de outros palácios que ela tem mas que pretende vender para transformar em (pequenos) "hotéis de charme".




À opção não será estranha, como se salienta no documento acima da própria CML, o facto de ele ter no seu interior alguma riqueza em azulejos, como os retratados abaixo e que ajudam a compor a decoração da entrada do palácio.

Fonte da foto aqui

O Palácio do Machadinho é a única peça arquitectónica relevante da Rua do Machadinho, onde se situa, a qual tomou o nome (em 1805) devido à presença do palácio. Anteriormente chamava-se Rua do Arcipestre.

Bibliografia: ver aqui

domingo, 27 de junho de 2010

Madragoa, a nossa vizinha da frente...

A entrada principal do ISEG está "cheek to cheek" com o bairro da Madragoa.


Há várias versões sobre a origem do nome do bairro. Alguns dizem que o nome provém da corruptela de "Madres de Goa" devido à presença na zona de um convento com esta designação. O nome está na origem do de um bar-restaurante na Rua dos Industriais.

"À beira do Tejo, Madragoa sempre foi um local de cruzamento de raças e culturas diferentes, sem distinção, albergava os negros que amanhavam os campos e dava abrigo aos pescadores que fainavam no rio, e, na memória dos mais velhos, ainda ecoa o pregão das varinas.
 A lenda conta que o bairro nasceu dos milhares de grãos de areia que as gaivotas transportaram para ali. A origem do nome perde-se no tempo. Há quem afirme que a palavra corresponde ao apelido de uma fidalga madeirense "Mandragam" ou que vem de "Madre de Goa". Antes do terramoto, no século XVII, o bairro tinha o nome de "Moçambo" e não era mais do que uma pequena póvoa habitada essencialmente por pessoas de origem africana.


No passado, parte da Madragoa foi um aglomerado de conventos e palácios, onde viveram as Trinas, as Bernardas ou as Inglezinhas. Mas foram os trabalhadores que deram vida ao bairro. Entre os séculos XVlll e XlX, a população sofreu grandes alterações. Nessa altura, veio para Lisboa muita gente da região da ria de Aveiro, em especial de Ovar, daí o nome ovarinas. Comercializavam legumes frescos e peixe. Posteriormente, grande parte destas pessoas optou por ficar na Madragoa. Na maioria, eram casais de pescadores e varinas. Era habitual ouvi-las apregoarem o peixe de canastra à cabeça." (Fonte: aqui)

No final dos anos 60 ainda era possível ouvir os seus pregões.
As características "populares" do bairro ainda se mantêm e são um dos seus principais traços.

Rua na Madragoa: Travessa do Pasteleiro.
Dela diziam em tempos alguns "provocadores
que o mais difícil para tirar um curso no ISEG
era subir a Travessa do Pasteleiro.

Sem legenda...

Rua da Bela Vista

"Fora das muralhas da cidade, para quem seguia das Portas de Santa Catarina em direcção a Belém, surgia no século XVI, em plena dominação filipina, um bairro de negros que tomou a designação de Mocambo que remete para as suas origens africanas.
Em redor, situavam-se entre outros os palácios dos duques de Aveiro e dos marqueses de Abrantes, o Paço Real de Santos onde actualmente se encontra a embaixada de França, os conventos das Bernardas, das Inglesinhas e das Trinas do Mocambo e a modesta e antiquíssima capela dos Santos Mártires – Máximo, Veríssimo e Júlia – que vieram dar origem à designação da Freguesia de Santos-O-Velho.
O rio Tejo banhava então a praia onde, no início do século passado, foi construído o aterro e posteriormente transformado num dos mais importantes eixos viários da cidade. [...]
Ainda escassamente urbanizada, o terramoto de 1755 não atingiu particularmente a localidade para além de algumas derrocadas registadas no Convento das Bernardas e no Palácio dos Duques de Aveiro. Mas, foi sobretudo a catástrofe então vivida que veio a determinar o crescimento urbano da área ocidental de Lisboa. As classes mais abastadas abandonavam o centro da cidade então em ruínas e transferiam-se para Santos-o-Velho e faziam nascer um novo bairro na chamada Lapa aristocrática, enquanto o Convento das Trinas loteava os terrenos, vendendo-os a preço mais reduzido e dando assim origem ao bairro popular da Lapa, desde o Mocambo ao sítio da Bela Vista." (Fonte: ver aqui, sff)


E mais adiante a fonte agora utilizada diz o seguinte:

"À medida que a colónia ovarina [i.e, da região de Ovar; de "ovarina" derivou a palavra "varina"] foi crescendo em número, os negros que habitavam o bairro foram desaparecendo até que, no século XIX, o antigo topónimo foi abandonado e substituído pela sua actual designação [Madragoa], tomada da antiga rua da Madragoa, actualmente denominada por rua do Vicente Borga [*]. Quanto à origem do topónimo Madragoa persistem várias interpretações, não sendo ainda ponto assente o seu significado.


E, a gente vareira que passou a dominar por completo aquele típico bairro lisboeta, conferiu-lhe uma forma peculiar de vivência marcada pelos jeitos graciosos das suas varinas de canastra de peixe à cabeça e os pregões que [lhes são] característicos. A vizinhança mantém a proximidade que caracteriza os bairros piscatórios e, bem no centro do bairro, na taberna que foi da Maria Barbuda e onde nasceu Maria Honofriana Severa, a fadista que se tornou uma lenda do fado [...]"

Fonte da foto: ver aqui

* (nota): O nome Vicente Borga tem origem na corruptela de Vicente Borchers, um negociante alemão que morou nesta antiga Rua da Madragoa após ter casado com Maria Clara Sousa Peres, no séc. XVIII.

sábado, 26 de junho de 2010

"ISEG et ses environs" é aqui!...

Alguns perguntarão o porquê do título deste blogue: "ISEG et ses environs" ("ISEG e seus arredores"). A explicação é simples mas, reconheço, algo pessoal.
"Menino e moço" e "Gémeos", o gosto pelo conhecimento e o contacto com "o outro" --- que é, até, responsável pelo meu percurso de vida pessoal e académico --- traduzia-se em viajar nos mapas e em ver os anúncios de excursões, à época realizadas principalmente de autocarro por essa Europa fora. Sobrinho de uma tia solteirona e viajada, deliciava-me a ver os seus postais de viagem e os catálogos das agências: "Paris et ses environs", "Vale du Loire et ses environs", etc., foram frases que povoaram a minha infância e juventude.

A ideia de não restringir o blogue ao ISEG e suas instalações deriva do facto de acreditar que muitos de nós e, creio, principalmente dos nossos alunos, terem um conhecimento relativamente limitado do que é a região onde se insere o Instituto. Daí que tenha decidido dar a conhecer --- ao mesmo tempo que eu próprio conhecia melhor... --- a região que abriga a nossa "casa".

Zona de forte concentração de antigos conventos (das Inglesinhas, das Francesinhas, de São Bento, das Bernardas, das Trinas, da Esperança), o ISEG está como que numa zona de charneira entre bairros de características sociológicas e económicas bem diversas como são a Madragoa vs. Lapa ou, mesmo as "Cortes"/São Bento e, um pouco mais longe, Estrela e Campo de Ourique. São estes os nossos "environs" que iremos perscrutar aqui e daqui.

Os claustros do ISEG







quinta-feira, 24 de junho de 2010

Uma espreitadela à casa dos vizinhos: o Palácio de São Bento


O ISEG está situado num local que antigamente estava povoado de grande número de conventos, sendo ele próprio --- a "sede" --- o Convento das Inglesinhas.
Um dos vizinhos do lado era o Convento de São Bento.

"O Palácio de São Bento tem as suas origens no primeiro mosteiro beneditino edificado em Lisboa, remontando a sua construção ao ano de 1598. Posteriores alterações significativas na sua localização original foram efectuadas por necessidade de mais espaço para albergar uma comunidade religiosa em crescimento, assim como por motivos de salubridade e desejo de maior proximidade com o núcleo urbano e seus fiéis.

Terá sido em 1615 que a Ordem escolheu o local definitivo para a instalação da irmandade dos monges de hábito negro, numa quinta adquirida a Antão Martines, onde se encontrava a Casa de Saúde para acolhimento dos pestíferos vitimados pelo surto de 1569.
O novo mosteiro de São Bento da Saúde, ou dos Negros, foi, com efeito, aí construído segundo projecto inicial de Baltasar Álvares (...)." [fonte: http://www.parlamento.pt/VisitaVirtual/Paginas/Introducao.aspx]


O "sítio" da Assembleia da República na internet permite conhecer o historial do edifício enquanto tal e da própria instituição parlamentar. Permite, nomeadamente através de um visita virtual ao edifício, conhecer melhor as características do mesmo.
Sugere-se fortemente a realização desta visita virtual.


Dois esclarecimentos complementares: a Casa de Saúde referida no texto citado (em itálico) acima destinava-se ao acolhimento e tratamento das vítimas do surto de peste negra que se verificou em Lisboa em 1569 e que terá vitimado cerca de 600 pessoas por dia.
Por outro lado, a designação do convento como sendo "dos Negros" remete para a cor preta do hábito dos frades da Ordem de São Bento, ou beneditinos.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Mas afinal quem eram as "Francezinhas" e o mais que se vai ver...

"Francesinhas 1", Francesinhas 2"!... Mas afinal de que francesinhas estamos a falar?



As "Francezinhas" não eram mais nem menos que as freiras que professavam no desaparecido "Convento das Francesinhas" (foto abaixo), o qual ocupava os terrenos que constituem hoje o jardim "das Francesinhas", nosso vizinho.


Antigo Convento das Francesinhas.
Os carris são os do eléctrico "28", na Calçada da Estrela.
O "largo"  que se vê corresponde sensivelmente ao actual
entroncamento da Avª D. Carlos I com a Calçada da Estrela.
A foto é de cerca de 1910 e pode ser vista aqui.


"O Convento das Francesinhas foi fundado em 1667 pela Rainha de Portugal Maria Francisca de Sabóia, esposa de D. Afonso VI e, em segundas núpcias, de D. Pedro II (era fresca para a rambóia, a Francisca da Sabóia!). Quando morreu, a rainha foi sepultada no convento que fundou. Em 1912, o corpo foi trasladado para o Mosteiro de São Vicente de Fora, dando-se então início à demolição do convento. Nos terrenos foram deixadas durante muito tempo as pedras do Arco de São Bento, desmantelado ali perto (hoje, na Praça de Espanha)." (original aqui).


O que restou do convento depois da sua destruição.
As pedras amontoadas à esquerda eram do Arco de São Bento,
na rua do mesmo nome, que está hoje na Praça de Espanha.
A foto foi, aparentemente, tirada da R. Miguel Lupi, previsivelmente
de um local próximo do Edifício "Bento de Jesus Caraça"
Ver aqui.

"Nos anos 40, foi ali construído por Gustavo de Matos Sequeira um parque temático que se chamou «Lisboa Antiga». Ao jeito do «Portugal dos Pequenitos» [em Coimbra], recriava a vida no local à época em que nele existia o Convento. O parque teve muito sucesso, mas acabou por ser demolido. Só em 1949 se desenhou e construiu o jardim que até hoje existe." (original aqui)

Restos do muro do Convento.
Ao fundo a Assembleia da República 
(anos 20-30 do séc. passado?) (ver aqui)

Veja-se abaixo um mapa do local. as setas vermelha e amarela representam o sentido aproximado em que foram tiradas as fotografias em baixo. O "Convento das Francesinhas" está colocado sobre o jardim na perspectiva aproximada da fotografia respectiva apresentada no início.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Última aula do Prof. Adelino Torres

Fotos da última aula do Prof. Adelino Torres, em 20 de Outubro de 2009, no Auditório "Caixa Geral de Depósitos", no "convento".

Prof. Adelino Torres Guimarães


"Mesa" da sessão: Profs. Adriano Moreira, Vítor Gonçalves (Vice-Reitor), João Duque (Presidente do ISEG), António Romão e Manuel Ennes Ferreira

Reconhecem-se, na 3ª fila de cadeiras, os Profs. Joana Pereira Leite,
Brandão Alves, Carvalho Ferreira e António Mendonça

segunda-feira, 21 de junho de 2010

E já que estamos em época de exames...


Fazendo exame no "Salão Nobre", a antiga biblioteca do ISEG
 e, once upon a time, Igreja de Santa Brígida
(divulgação da foto autorizada pela aluna)

Anfi 1 nas "Francesinhas 1"

Anfi 3

domingo, 20 de junho de 2010

Once upon a time...

A internet é uma verdadeira caixinha de surpresas. Fazendo uma busca por "convento das inglesinhas" para tentar descobrir mais sobre o nosso "convento", descobri este "sítio" ["Colégio do Parque"] com informações interessantes sobre o que ele (o edifício) foi ao longo da sua história. Vale a pena ler. Citamos:

"O edifício do Colégio, sito na Rua do Quelhas, nº 6 A, era vulgarmente chamado “Convento das Inglesinhas”, por ter sido convento das Agostinhas de Santa Brígida (Irlandesas). Ficara desabitado desde 1834, ano em que as monjas o abandonaram, já que, embora súbditas de Inglaterra, temiam qualquer violência, em virtude do Decreto que extinguia em Portugal as Ordens Religiosas.

O enorme casarão, já meio arruinado, bem como a Igreja pública anexa, dedicada a Santa Brígida, foram comprados em 1866 por D. Maria da Assunção de Saldanha e Castro, filha dos Condes de Penamacor. A igreja e parte do Convento doou-as aos Jesuítas, na pessoa do P. Francisco Xavier Fulconis, Superior; a parte restante foi, pela mesma, doada às Irmãs de Santa Doroteia, para fundação de um colégio.
A semente germinou e transformou-se em árvore frondosa que ia multiplicando e repartindo os seus frutos: novos colégios, escolas, obra das catequeses, visita a prisões...

Em 1910, o velho vendaval da perseguição religiosa soprou rijo sobre o florescente Colégio do Quelhas.
Na noite de 7 para 8 de Outubro, “durante longas quatro horas, foi medonho o crepitar de balas que nos entraram pelas janelas”. Ao som de tiros, a Superiora do Colégio- Eugénia Monfalim- distribuiu a Sagrada Comunhão a todas as Irmãs, tendo antes dirigido às mesmas, “palavras de conforto para o martírio”. A tais horas da noite, estas cenas eram bem dignas das catacumbas...
Na madrugada de 8 de Outubro, invadido o Colégio do Quelhas, as irmãs viram-se obrigadas a abandonar a casa, sendo conduzidas, em grupos, ao Arsenal da Marinha."

A foto que ilustra a página é, parece, bem antiga mas corresponde, creio que "sem tirar nem pôr", ao ISCEF de 1967, quando nele entrei pela primeira vez.


O varandim que se vê no piso térreo era então o local onde estava instalada a reprografia, ou "secção de folhas", onde, nomeadamente, se compravam as "sebentas" das várias disciplinas escritas pelos respectivos docentes responsáveis.

A Basílica da Estrela, nossa "vizinha"

Os "environs" do ISEG --- que se estendem, nomeadamente, até à Estrela e, mesmo, até Campo de Ourique --- são ricos de história e de arquitectura.
Uma das peças arquitectónicas mais marcantes da zona é a Basílica da Estrela (vj aqui informação básica sobre ela). Porém, se quase todos a conhecem por fora poucos serão, provavelmente, os que a conhecem por dentro. E no entanto, sem ser deslumbrante, vale a pena conhecer o seu interior.

Túmulo da fundadora, D. Maria I

Altar mor

Imagem de Nª Srª da Conceição


Mas a Basílica talvez seja mais conhecida por nela estar montado, numa sala cujo acesso é um bocado "manhoso" por estar escondido atrás do túmulo da fundadora da Basílica, o famoso presépio de Machado de Castro constituído por mais de 500 figuras e feito de cortiça e de terracota policromada. Uma maravilha que vale, só por si, uma visita em qualquer época do ano e não apenas no Natal.




sábado, 19 de junho de 2010

LIsboa e ISEG, aos 18 de Junho do ano da Graça do Senhor de 2010...

Biblioteca "Francisco Pereira de Moura" --- nunca é demais lembrar o nome dele... --- com anúncio

"Toca aí!..."

Edifício "Francesinhas 1"

Edifício "Francesinhas 2"

A simplicidade e "despojamento" da geometria de linhas direitas da fachada lateral do "Francesinhas 2"